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Mãos percorrendo textos não são as mesmas mãos que colocam a “mão na massa”, ainda que sejam as mãos de uma só pessoa. Dedos em teses, em dissertações, monografias, trabalhos acadêmicos, não estão sujos, por mais que o palavriado possa poluir mentes contaminadas na recorrência dos discursos. Frágeis são os enunciados que se repetem, mas fortes são as convicções que, por meio de textos, procuramos defender. Para mostrar a relação entre meu corpo e uma miríade de textos, trago a série de dedos em movimento, Thesis Fingers, apresentada na II BIENAL B, em 2009, Porto Alegre, a fim de expressar o nonsense da própria produção intelectual e o quanto esta afasta professores de artes das qualidades intensivas e extemporâneas de sua matéria. Tal deslocamento entre expressão poética corpórea, plástica, sonora e discursividades mais vagas e demasiado abstratas, trazem o que, em minha pesquisa sobre paixões e humores artísticos, nomeiei FRAGIL. Palavra que rotula caixas cujos produtos quebram fácil, palavra que vem nas embalagens de obras de arte e instrumentos musicais​.Ao se observar o quão instáveis em suas regularidades acontecem as obras de arte, numa brincadeira com as embalagens, substancializo um adjetivo, fazendo do FRAGIL um substantivo comum, digno das criações efêmeras no espaço institucional, especialmente as forças despendidas no dia após dia dentro de escolas. Entre tantos acontecimentos, o FRAGIL aparece como a inexistência de uma obra e a própria desvalorização da pesquisa plástica operacionalizada junto à pesquisa educacional, visto um pesquisador, nas atuais configurações políticas, existir apenas para sua pesquisa e para servir como examinador e parecerista, num trabalho estéril e braçal, porém sem mão.

Esta série se junta a  outros acúmulos,   expressos nas pilhas de trabalhos acadêmicos, na leitura do outro, nos formulários a serem preenchidos, nas prestações de contas e mensagens a serem respondidas. 

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