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CARAS DA LUA

As pinturas de luas partem de estudos em torno do texto Ano Zero- rostidade,  platô 7 da obra conjunta de Deleuze e Guattari, texto base do primeiro Seminário Avançado que ministrei em torno da obra de Deleuze no PPGEDU/UFRGS. Os rostos não são primeiramente individuais, eles definem zonas de frequência ou de probabilidade, delimitam um campo que neutraliza expressões e conexões rebeldes às significâncias conhecidas e conformes. A forma de subjetividade permaneceria absolutamente vazia se os rostos não formassem lugares de ressonância  que selecionam o real mental ou sentido conforme uma realidade dominante. O rosto é ele mesmo, redundância. E faz mesmo redundância com as significações. O rosto constrói o muro do qual o significante necessita para ricochetear, constituindo significados  para um quadro. O rosto escava o buraco que a subjetivação almeja, constitui o buraco negro da subjetividade como consciência e paixão na imagem. Se essa advém de uma câmera, terceiro olho que capta a forma sobre a qual significamos, ou de um traçado que procura capturar a forma em si, é sempre uma imagem formada a partir do referencial que ressoa naquele que imagina.

 

A série apresenta círculos sem compasso sobre telas quadradas de diversas dimensões (de 10 cm até 90cm), operando com a visão de um rosto simulado pelas manchas percebidas na lua cheia, ou quase cheia, conforme essa se apresenta no sul do Brasil. Nas primeiras quarenta telas os tons de azul foram explorados, não sendo possível, pelas misturas, um azul ser igual ao outro. Após 2015, tons de rosa, lilás e cores crepusculares passam a ser experimentadas e ainda não esgotadas em suas possibilidades. As telas podem criar conjuntos diversos, formando painéis únicos, de acordo com o projeto de montagem e escolhas curatoriais

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